domingo, 24 de abril de 2011

"Será que a ditadura realmente acabou?"

JORNAL DO BRASIL
"Será que a ditadura realmente acabou?", indagam bombeiros punidos por Comando Geral por reivindicarem reajuste salarial

Maria Luisa de Melo

Não nos dão protetor solar, equipamentos para trabalhar e nossa barraca não nos protege do sol. Além disso, somos os bombeiros com o pior salário do país - R$950. Acha que dá para piorar? Dá sim: pedimos para falar com o nosso comandante geral, que apenas nos ignora. O governador, por sua vez, também não nos recebe de maneira nenhuma. Só queremos salvar vidas com dignidade. Mais nada".

O relato de um dos 200 homens que se aglomerava em frente ao 3º Grupamento Marítimo, na orla de Copacabana (Zona Sul do Rio), na noite desta sexta-feira (22) revela o sentimento que tem movido uma série de manifestações há uma semana pelas ruas da cidade.

Para reivindicar salários mais dignos, o grupo de homens do Corpo de Bombeiros começou um movimento de protesto no último domingo (17), na praia de Copacabana. Como punição, o comando geral da corporação transferiu 36 homens para quartéis da Baixada e de outros lugares da Região Metropolitana alegando que havia necessidade de pessoal em outras áreas. Procurado pelo Jornal do Brasil durante toda a tarde desta sexta-feira o coronel Pedro Machado, comandante geral do Corpo de Bombeiros, não atendeu os nossos telefonemas.

Neste sábado (23), os homens organizam uma grande passeata no Posto 12, Leblon (Zona Sul do Rio), a partir das 10h, na tentativa de conseguirem com que o comandante-geral volte atrás na transferência, supostamente punitiva, dos 36 militares.

“Como que uma pessoa que mora na Zona Oeste do Rio vai trabalhar em Itaipuaçu? É humanamente impossível. O intuito dessas transferências é sufocar o nosso movimento de reivindicação por melhores condições de trabalho. Queremos trabalhar no sol sem ter câncer de pele e para isso precisamos de condições melhores”, desabafou um dos salva-vidas, antes de acrescentar: “Estamos indo em todos os lugares por onde o comandante geral passa, mas ele não nos escuta e nos ignora. O que queremos agora é contato com o governador Sérgio Cabral".

O DIA

Bombeiros e guarda-vidas fazem protesto no Leblon

Bombeiros e guarda-vidas fazem um protesto, na manhã deste sábado, no posto 12, no Leblon, Zona Sul, reivindicando aumento salarial e melhores condições de trabalho. Uma passeata será realizada, ainda nesta manhã. Os manifestantes esperam falar com o governador Sérgio Cabral.
Mais de 90 bombeiros e guarda-vidas acamparam, na madrugada deste sábado, em frente ao 17º GBM (Copacabana), Zona Sul do Rio, para chamar a atenção do Comando Geral da corporação. Eles exigem a revogação da transferência de 36 bombeiros, que foram para o interior do estado em retaliação ao movimento.

O objetivo do grupo é continuar aquartelado. "Ou seja, mesmo de folga, não vamos retornar para casa porque sabemos que a população está do nosso lado", disse o cabo Benevenuto Daciolo, um dos líderes do movimento. Segundo ele, as reivindicações da categoria foram encaminanadas à Secretaria de Saúde e Defesa Civil e a todas as unidades no dia 14.

"Queremos que uma comissão seja recebida pelo governador Sérgio Cabral. Não adianta um coronel ameaçar a categoria pois conhecemos nossos direitos. O salário de um soldado é de R$ 950, o que é muito pouco para quem arrisca a vida sem condições de trabalho. Não queremos gratificação e sim aumento salarial", explicou.

Por meio de nota, na quinta-feira, o comando geral do Corpo de Bombeiros disse que não reconhece o manifesto do grupo da forma que está sendo conduzido. A assessoria do governador informou, na sexta-feira a noite, que os manifestantes devem levar suas reivindicações aos comandos de suas unidades.
Fonte: Blog Vida na Caserna