JORNAL DO BRASIL
"Será que a ditadura realmente acabou?", indagam bombeiros punidos por Comando Geral por reivindicarem reajuste salarial
Maria Luisa de Melo
Não nos dão protetor solar,
equipamentos para trabalhar e nossa barraca não nos protege do sol. Além
disso, somos os bombeiros com o pior salário do país - R$950. Acha que
dá para piorar? Dá sim: pedimos para falar com o nosso comandante geral,
que apenas nos ignora. O governador, por sua vez, também não nos recebe
de maneira nenhuma. Só queremos salvar vidas com dignidade. Mais nada".
O relato de um dos 200 homens
que se aglomerava em frente ao 3º Grupamento Marítimo, na orla de
Copacabana (Zona Sul do Rio), na noite desta sexta-feira (22) revela o
sentimento que tem movido uma série de manifestações há uma semana pelas
ruas da cidade.
Para reivindicar salários mais
dignos, o grupo de homens do Corpo de Bombeiros começou um movimento de
protesto no último domingo (17), na praia de Copacabana. Como punição, o
comando geral da corporação transferiu 36 homens para quartéis da
Baixada e de outros lugares da Região Metropolitana alegando que havia
necessidade de pessoal em outras áreas. Procurado pelo Jornal do Brasil
durante toda a tarde desta sexta-feira o coronel Pedro Machado,
comandante geral do Corpo de Bombeiros, não atendeu os nossos
telefonemas.
Neste sábado (23), os homens
organizam uma grande passeata no Posto 12, Leblon (Zona Sul do Rio), a
partir das 10h, na tentativa de conseguirem com que o comandante-geral
volte atrás na transferência, supostamente punitiva, dos 36 militares.
“Como que uma pessoa que mora na
Zona Oeste do Rio vai trabalhar em Itaipuaçu? É humanamente impossível.
O intuito dessas transferências é sufocar o nosso movimento de
reivindicação por melhores condições de trabalho. Queremos trabalhar no
sol sem ter câncer de pele e para isso precisamos de condições
melhores”, desabafou um dos salva-vidas, antes de acrescentar: “Estamos
indo em todos os lugares por onde o comandante geral passa, mas ele não
nos escuta e nos ignora. O que queremos agora é contato com o governador
Sérgio Cabral".
O DIA
Bombeiros e guarda-vidas fazem protesto no Leblon
Bombeiros e guarda-vidas fazem
um protesto, na manhã deste sábado, no posto 12, no Leblon, Zona Sul,
reivindicando aumento salarial e melhores condições de trabalho. Uma
passeata será realizada, ainda nesta manhã. Os manifestantes esperam
falar com o governador Sérgio Cabral.
Mais
de 90 bombeiros e guarda-vidas acamparam, na madrugada deste sábado, em
frente ao 17º GBM (Copacabana), Zona Sul do Rio, para chamar a atenção
do Comando Geral da corporação. Eles exigem a revogação da transferência
de 36 bombeiros, que foram para o interior do estado em retaliação ao
movimento.
O objetivo do grupo é continuar
aquartelado. "Ou seja, mesmo de folga, não vamos retornar para casa
porque sabemos que a população está do nosso lado", disse o cabo
Benevenuto Daciolo, um dos líderes do movimento. Segundo ele, as
reivindicações da categoria foram encaminanadas à Secretaria de Saúde e
Defesa Civil e a todas as unidades no dia 14.
"Queremos que uma comissão seja
recebida pelo governador Sérgio Cabral. Não adianta um coronel ameaçar a
categoria pois conhecemos nossos direitos. O salário de um soldado é de
R$ 950, o que é muito pouco para quem arrisca a vida sem condições de
trabalho. Não queremos gratificação e sim aumento salarial", explicou.
Por meio de nota, na
quinta-feira, o comando geral do Corpo de Bombeiros disse que não
reconhece o manifesto do grupo da forma que está sendo conduzido. A
assessoria do governador informou, na sexta-feira a noite, que os
manifestantes devem levar suas reivindicações aos comandos de suas
unidades.
Fonte: Blog Vida na Caserna